Sentir-se farta na falta
E a gente vai aprendendo.
O real valor de certas coisas. Que talvez na abundância. Não sentíamos a relevância. Como o valor de por aí andar. Com a família passear. A importância de respirar. Sentir o sol arder na pele. Sentir o vento soprando. Atravessar a rua. Tocar pessoas e coisas. Tantas coisas que fazíamos. Talvez mecanicamente. Hoje voltam à mente. Na nostalgia do momento. Acordar de sobressalto. E sair pra trabalhar. Mesmo este ato. Representava a liberdade. Veja que contrariedade. O trabalho está em casa. Mas nos falta o fora de casa. E na falta aprendo sobre o que tenho. Na falta sinto-me farta. Mas às vezes no meu peito sinto a falta. Percebo meu mundo encolhido. Sinto-me contraída, pequena. Mas estou agradecida. Sou agraciada. Tenho um lar, uma família. Estou respirando. Estou contemplando o que tinha. No que hoje tenho. Aprendendo com as restrições. A viver a completude. Revendo as atitudes. Entendendo as inquietudes. E mesmo nessa confusão. A esperança retorna. Apesar da circunstância que transforma. Tudo à nossa volta. Sei que a paz logo volta.
Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 04/06/2020
Alterado em 15/06/2020 Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |