Angústias do poeta
Queria um poema alegre.
Que te abrisse um sorriso.
Te levasse às alturas.
Promovendo leveza e ruptura.
Com a sutileza das palavras.
E a delicadeza das rosas.
Numa espécie de boa prosa.
Queria um poema alegre.
Cheio de cores e sabores.
Que te relembrasse os amores.
Te provocasse calores.
Ou quem sabe aquele frio.
Ansiedade e arrepio.
Das vivências, dos desafios.
Queria um poema alegre.
Que levasse à beira-mar.
Tão somente pra caminhar.
A vastidão do mar a contemplar.
Sentido a brisa a soprar.
Tua pele acariciando.
E as energias renovando.
Queria um poema alegre.
Que te conduzisse ao campo.
A caminhar por entre árvores.
Colhendo flores, tocando folhas.
Sentido o cheiro da terra.
Ouvindo dos pássaros o canto.
Num misto de felicidade e encanto.
Mas meu poema é realista.
Mesmo sendo eu otimista.
Não pude fazer grossa vista.
Diante da interminável lista.
De Marias, Joãos, Franciscas.
Tantas vidas perdidas.
No meu poema não serão esquecidas.
Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 05/06/2020
Alterado em 15/06/2020
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