Poema de saudade
Servi meu café,
sentei-me à mesa,
Veio-me a saudade,
recordei-me
de outros cafés.
A cada gole,
uma lembrança,
uma imagem
lá da infância,
do fogão de lenha,
em forma de mesa,
meu pai sentado,
mãos brancas,
um pouco enrugadas,
de quem desde cedo,
na madrugada,
lançara-se nas águas,
pescando nosso sustento.
O cheiro de peixe
que exalava,
cheirava amor,
cuidado e zelo,
mesmo que em meio à dor.
As mãos geladas,
nos aqueciam,
ao nos abençoar.
Às vezes feridas,
acidentalmente cortadas,
sempre dedicadas,
ao bem-estar da família.
Na cozinha,
minha mãe cantarolava,
ao som da sua voz,
nosso dia embalava,
o almoço garantido estava,
o peixe ela já preparava.
Na perna do papai.
a menina descabelada,
se aconchegava,
recebia amor,
regada feito flor,
Era uma vida limitada,
mas era uma vida vivida,
as imagens vívidas,
me acompanham,
e nesses dias difíceis,
elas me questionam,
me põem a perguntar:
por que hoje, temos tanto,
mas parece faltar tanto?
Por que, diante da ameaça
a nossa sobrevivência neste mundo,
ainda não aprendemos
o real valor da vida?
Sejamos gratos.
Sejamos sensatos,
Amemos de fato.
Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 19/08/2020