Zenilda Ribeiro
Escrever é um ato libertador e uma forma de me reinventar.
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Nada

Nada conta a corrente
Nada no mar das angústias
No lago da lágrimas
Das suas lágrimas
Das lágrimas da humanidade
Que sofre oprimida
Por lhe faltar mais humanidade
Nada nos rios de lágrimas
Das famílias enlutadas
Das mulheres violentadas
Da infância maltratada
Das vidas abandonadas
Da fauna e flora queimadas
Exploradas, incendiadas
Das várzeas contaminadas
Nada por sobre as ondas
Que balançam e assustam
Nada, nada, nada
Braçada a braçada
Por vezes queria o nada
Nada a pensar
Nada a temer
Nada a chorar
Nada a fazer
Nada com quê se preocupar
Mas há sempre o algo
Algo a pensar e repensar
Algo a temer
Algo a vencer
Algo a chorar
Uma dor, uma saudade
E muito a fazer
E muito mais a agradecer
É a travessia
Com lagos, rios e mares
Marés altas e baixas
Águas claras e turvas
Ao meu nada
Junta-se tudo
Sou parte de um todo
Com o todo me alegro
E me entristeço
Com e pelo todo luto
Reluto
E nado, nado, nado.
Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 04/10/2020
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