Lembranças de um escultor
Com um pedaço de madeira Uma pequenina faca Aquele grande homem De pequena estatura Criava uma escultura. Eram crânios, pés ou braços Que as pessoas lhe pediam Pra pagar alguma promessa Uma graça alcançada Num momento de desventura. Mas também ele fazia Utensílios para cozinha Conjuntos de bule e xícaras Travessas bem esculpidas Colheres de servir à mesa. Também colher-de-pau Pra mexer o mugunzá O angu ou a canjica Ou até para curar Dos pequenos a gagueira Com umas leves batidas Na cabeça da criança. Se funcionava, eu não sei Talvez também servisse Pra espantar marido bêbado Que chegasse importunando Essa receita meu vovô sempre ensinava. Se era a melhor idade, não posso afirmar Mas afirmo com propriedade Que as melhores tardes da minha infância Foram aquelas que passei A contemplar o meu vovô Dedicado em seu labor Criando suas esculturas Todas esculpidas com amor. Zenilda Ribeiro
Enviado por Zenilda Ribeiro em 06/10/2020
Alterado em 01/06/2021 Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |